quarta-feira, 15 de junho de 2011

CHURRASCO NO ÁGUA NOVA

Peço licença ao jornalista José Antonio Di Santis para transcrever sua coluna do meio publicada no jornal O Tempo de 06 de novembro de 2009, onde ele conta o primeiro churrasco não realizado na sede de hoje do nosso clube.
"Logo após a "barganha" das terras onde se localiza atualmente o Clube Água Nova, pela antiga sede, ambas localizadas às margens da represa de Barra Bonita, como não podia deixar de ser, marcamos um churrasco entre os que mais frequentavam o clube.Isso foi lá pelos idos de 60. Explicando melhor: a área onde localizado atualmente o Clube é bem mais agradável de onde se localizava. Para você ter uma idéia, o proprietário da usina da Barra, "seu Orlando Ometo", era o titular da área onde hoje está o clube e mantinha no local uma casa enorme, de madeira, onde se reunia para cantorias com os amigos quando queria instantes de paz. E como "Seu Orlando" adorava uma noitada com muita seresta, principalmente quando recebia a visita de um cantor seresteiro chamado Diogo, que viajava muito com o ex governador Paulo Egídio Martins. Ele só se referia ao "Seu Orlando" como "papai...". mas voltando ao Clube Água Nova, só se pode dizer o que era o que é hoje, simplesmente maravilhoso. Não bastasse o silencio, a mãe natureza falando pelo cantar dos passarinhos e aquela maravilhosa represa que se descortinava a nossa frente, estávamos entre amigos, sempre. Com muito jeito e a interferência do Moacyr Pegoraro e do Juca Nunes, que eram amigos pessoais do usineiro e eram também diretores do Água Nova, convencemos o "Seu Orlando" a fazer a permuta, afinal, a área do Água Nova, embora menos nobre, para usina seria melhor, pois tinha área maior e o que lhe interessava era plantar cana não ter toda aquela companhia da mãe natureza...e mais o "Seu Orlando" já não ia com tanta frequência à sua casa à beira da represa, o diabetes já se pronunciava no sangue do maior produtor mundial de açúcar, na época. Olha que triste ironia: o maior produtor mundial de açúcar só podia usar adoçante.... Finalmente concretizamos a troca e lá estávamos tentando mostrar o novo local aos associados. O novo clube se localizava um pouco mais distante de São Manuel, exatamente onde é hoje.
- Olha sábado vamos fazer um churrasco lá no clube, sentenciou o Marco da Farmácia e quando ele decidia...tava decidido.
Como era a primeira vez que íamos lá no clube, tivemos que arrumar um caminhão parar transportar a churrasqueira, os colchões, as panelas, enfim, o novo local era desprovido de todo o mobiliário e tínhamos que levar tudo, afinal nunca ficávamos menos de dois ou três dias arranchados. Depois de procurar por alguém que tivesse um caminhão para transportar nossos "badulaques", chegamos ao consenso: o melhor seria convidar o Miguel Chiapina, velho companheiro de pescarias, para ir com a gente passar o final de semana à beira do lendário Tiete...
- Paga a gasolina que eu vou passar o final de semana com vocês. Mas tem uma coisa, quero comer bem e não contem comigo na divisão da conta, certo? Melhor do que esperávamos...
Tudo acertado, marcamos a saída para uma sexta feira à tardinha. Mas tinha que ser depois que o Marcos fechasse a farmácia, o Moreto deixasse a direção do posto fiscal e o Moacir fechasse o Banco do Brasil, do qual era gerente.
Lá fomos rumo ao novo Clube Água Nova, na carroceria do caminhão de propriedade e dirigido pelo Miguel Chapina, que foi fundador do PMDB em São Manuel e seu candidato a prefeito. Não ganhou a bem da verdade, mas seus comícios ao lado de Toninho Fitipaldi, do Ovídio Ricardo, mais conhecido não sei porque, por Pacolla, até hoje são comentados...
Mas que luta, que trabalhão enfrentamos. Até a agua que nascia na cabeceira do clube e vinha por gravidade, morro abaixo através de canos de plástico, estava interrompida. O gado que pastava pelo local, havia pisado nos canos danificando-os. Mas não teve problema a mina estava lá fazendo água e nos com uma enxadinha, trabalhando em conjunto, fizemos um reguinho que conduzia o precioso liquido até as proximidades da casa. Dali pra frente, não tínhamos o "Aguifero Guarani"  à disposição e muito menos a Sabesp, mas a água podia ser usada, era questão de criatividade de cada um. Alguns tomaram banho ali mesmo na biquinha, peladões como nasceram, outros esquentaram a água e tomaram banho de bacia...enfim.
Depois de dar uma geral, estendemos os colchões pela sala e pelos quartos e nos acomodamos. para dormir já estava tudo acertado. Depois da arrumação, havia chegado a hora mais preciosa. Estávamos morrendo de fome e...principalmente de sede. Alias tínhamos levado muitas cervejas que acomodamos no congelador, digo no isopor movido a gelo, estavam maravilhosamente geladas. Num consenso que a carne já temperada numa cartola em baixo da mesa da cozinha, seria guardada para o dia seguinte. Seria o grande churrasco de inauguração do Clube de Campo Água Nova. Naquela noite só assamos linguiça e cozinhamos algumas salsichas, consumidas com pão e pimenta...ninguém tinha hemorróidas. A conversa foi ficando boa, ganhando corpo e levemente molhada pela cerveja. O De Paula e o Brahma começaram uma tocata de violão e sanfona respectivamente. O Delton, turbinado, deu inicio a parte poética do espetáculo recitando "Deixa-te disso criança...", sua marca registrada. Demorou um pouco e juntou-se a trupe, o Arnaldo Catalan, que sempre emburrado, não aguentou e começou show de saxofone, que ele tocava maravilhosamente.
Nem precisa dizer que a coisa pegou fogo e o som bem concatenado do nosso conjunto, nadou de braçada pelos campos floridos daquela madrugada à beira da represa e cheirando à criança nova era umidecida pelo bafejar quente do Tiête. Nessa noite e madrugada, o saci nos pegou...
Quatro horas da manhã , todo mundo mais pra lá do que pra cá e decidimos acabar com o barulho e ir dormir. Não sei se o motivo foi a bebedeira ou o sono, mas ninguém se lembrou de fechar as portas. Pouco depois só se ouvia roncos dentro da bonita e bem acabada casa de madeira... Para nós o mundo dormia. Ledo engano: os cachorros do Seu Moises, estavam de plantão e bem acordados, pelo cheiro delicioso, logo descobriram o depósito da carne. Ninguém resistiria o cheiro da carne temperada, que exalava à distancia, muito menos os famintos cachorros.
Esta é com certeza a verdadeira história do primeiro churrasco, que não aconteceu no maravilhoso clube Água Nova, hoje presidido pelo jovem e talentoso "Nau Dega". Aproveitem senhores associados, façam por nós que participamos num determinado momento, o churrasco que não concretizamos. Que ninguém duvide: o Água Nova tem histórias......"

Como esta, vária outras histórias fazem parte da vida de todos os sócios e frequentadores do clube, você tem a sua? então conpartilhe com todos que gostam do Água Nova.. 
Obrigado ao Wanderlei Lourenção por me enviar este texto.

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